O colesterol está na base de muitas doenças cardiovasculares e cerebrovasculares. A nível mundial, estima-se que o colesterol cause 4,4 milhões de mortes em todo o mundo. Em Portugal, os números indicam que aproximadamente 68,5% dos portugueses apresentam valores de colesterol iguais ou superiores a 190 mg/dl; ¼ possui um nível de colesterol de risco elevado (>240 mg/dl); e 45,1% tem um risco moderado (190-239 mg/dl).
Todos estes números devem fazer-nos refletir, uma vez que níveis de colesterol descontrolados podem provocar problemas graves de saúde, como a aterosclerose. Desta forma, vamos procurar abordar a fundo esta temática.
O que é o colesterol?
O colesterol é uma substância produzida pelo nosso organismo e que é importante para a nossa saúde. O fígado e algumas células do nosso corpo produzem cerca de 75% de colesterol, vindo os outros 25% dos alimentos que consumimos. De uma forma simples, pode dizer-se que há um colesterol bom e outro mau, sendo que o desequilíbrio entre eles potencia o risco de doença coronária, enfarte do miocárdio ou acidente vascular cerebral.
Colesterol bom ou HDL (lipoproteínas de alta densidade)
Este tipo de colesterol reduz o risco de enfarte do miocárdio ou de acidente vascular cerebral. Isto, porque ele é capaz de remover o colesterol “mau” das paredes das artérias. Os níveis HDL devem ser superiores a 40 mg/dL (50 mg/dL nos homens e nas mulheres, respetivamente). Para isto acontecer, é fundamental apostar numa dieta equilibrada e praticar exercício físico regularmente.
Colesterol mau ou LDL (lipoproteínas de baixa densidade)
Já níveis elevados LDL podem aumentar o risco de estreitamento das artérias (aterosclerose), causando doença cardíaca ou cerebral. Se surgir um coágulo numa dessas artérias estreitadas, poderá acontecer um enfarte do miocárdio ou um acidente vascular cerebral. Embora este colesterol também seja produzido pelo organismo, o consumo de gorduras e alimentos ricos em colesterol vai fazer subir os níveis deste colesterol para valores considerados perigosos. Daí, ser importante manter uma dieta equilibrada, praticar exercício físico e procurar acompanhamento médico.
VLDL (lipoproteínas de muito baixa densidade)
Este tipo de colesterol é semelhante ao LDL, mas tem um maior índice de gordura e menor de proteína. A sua função é distribuir os triglicerídeos produzidos pelo fígado. Quando os seus níveis são muito elevados, ele permite que o colesterol se instale nas artérias, potenciando o risco de doenças cardiovasculares.
Triglicéridos
Os triglicéridos são outra forma de gordura produzida pelo nosso corpo para armazenar energia. Normalmente, a níveis elevados de triglicéridos correspondem também níveis altos de colesterol LDL e níveis baixos de HDL. Este cenário é, habitualmente, acompanhado de excesso de peso, inatividade física, consumo de tabaco ou álcool e uma dieta rica em hidratos de carbono.
Níveis de colesterol recomendados pelas instituições de saúde:
Colesterol Total: < 190mg/dL
Colesterol LDL: < 115mg/dL
Colesterol HDL: > 40mg/dL (homem) e > 45mg/dL (mulher)
Triglicerídeos: < 150mg/dL.
Doenças associadas
Como já dissemos, níveis desequilibrados de colesterol (especialmente associados a uma dieta inadequada, tabaco, hereditariedade, hipertensão e diabetes) podem provocar algumas patologias, como é o caso da doença coronária, o enfarte do miocárdio ou um acidente vascular cerebral.
Diagnóstico
Para perceber se os seus níveis de colesterol estão ou não dentro dos valores médios recomendados, a única maneira é mesmo fazendo análises ao sangue. Nessas análises, são quantificados os níveis de LDL, HDL, colesterol total e triglicéridos.
Esta análise pode ser realizada em qualquer altura da vida, mas é particularmente aconselhada nas seguintes situações:
- História familiar de doença cardiovascular;
- Idade superior a 40 anos;
- Excesso de peso;
- Doença das artérias periféricas;
- Presença de doença coronária;
- Acidente vascular cerebral;
- Hipertensão arterial, diabetes ou outras doenças que aumentem os níveis de colesterol.
Tratamento/prevenção
Embora em alguns casos seja necessária a introdução de medicação específica, é certo que mudar o estilo de vida pode ajudar a reduzir os níveis de colesterol que não estejam dentro dos valores recomendados.
Assim, é importante privilegiar uma dieta equilibrada, praticar exercício físico regularmente e evitar hábitos pouco ou nada benéficos para a saúde (como o consumo de tabaco, por exemplo). É recomendada uma dieta com baixo conteúdo em colesterol, gorduras saturadas e sal. Por outro lado, é aconselhada uma aposta nas fibras solúveis (cevada, aveia e em frutos e vegetais ricos em pectina), assim como nas margarinas ricas em estanol vegetal.
Alimentos que ajudam a reduzir o “mau” colesterol
- Chocolate negro;
- Abacate;
- Vinho tinto;
- Chá negro/chá verde;
- Nozes, amêndoas, cajus e pistácios;
- Cevada, aveia e arroz integral;
- Peixes gordos, como o salmão, o atum, as sardinhas ou a cavala;
- Azeite;
- Tofu;
- Feijão, grão e lentilhas;
- Maçã, frutos vermelhos, citrinos;
- Vegetais, como o quiabo e a berinjela.