Texto: Inês Rodrigues
Apaixonado pelo desporto, tudo começou quando era uma simples criança cheia de sonhos. Hoje, Miguel Maria Cardoso, é um dos rostos de destaque no basquetebol nacional e faz história pelo mundo fora. Aos 26 anos, e depois de já ter jogado pela Seleção Nacional, o base chega à LEB Ouro, o segundo escalão espanhol, para representar o CB Almansa – Club Baloncesto Almansa, em Castilla-La Mancha.
Depois de ter sido um dos melhores jogadores em algumas equipas portuguesas, Miguel Maria Cardoso fala-nos do seu percurso, do presente e do futuro da sua (ainda) curta carreira.
A chave do sucesso é o trabalho e a paixão.
Mas, afinal, quem é Miguel Maria Cardoso?
O internacional português já passou pelo Vitória de Guimarães, pelo FCP Porto e pelo SLB e ruma agora até Espanha, onde irá jogar durante a época de 2019/2020. Formou-se na Escola Desportiva Limiana, em Ponte de Lima (de onde é natural), e no FC Porto, tendo já jogado em França e Alemanha. Esta é a terceira vez que Miguel se prepara para vestir as cores de uma equipa estrangeira.
Como surgiu o gosto pelo desporto, neste caso, o basquetebol?
Comecei a jogar basquetebol muito cedo, com quatro anos. Desde muito pequeno que tudo o que envolvia desporto me encantava. O basquetebol fazia parte da família, o meu pai tinha sido jogador, o meu tio também e tinha um primo que jogava frequentemente. Portanto, foi uma escolha natural, foi o primeiro desporto que experimentei.
Uma vez que és de Ponte de Lima, e começaste num clube tão local, tiveste receio de não ter tantas oportunidades?
Não, de maneira nenhuma. Quando comecei a jogar basquetebol nunca imaginaria que ia tomar estas proporções. Tinha quatro anos e não tinha ambições, só queria a bola e o cesto e isso era tudo o que tinha na cabeça.
Aos 26 anos, estavas à espera de alcançar o que conseguiste até hoje?
Nós, enquanto jogadores, às vezes não paramos para pensar em tudo o que já fizemos e nas coisas que vamos conquistando ao longo do tempo, sejam elas de que natureza forem: títulos, experiências, pessoas que conhecemos, etc. Mas quando paro para pensar, claramente que estou. Acima de tudo, porque foi um processo no qual lutei muito para chegar onde estou. Tudo no basquetebol me fascina, mesmo depois de 22 anos.
Como em tudo na vida, a dedicação, o empenho e o gosto prevalecem. Achas que a tua dedicação foi essencial para o teu sucesso?
Sem dúvida, a chave do sucesso é o trabalho e a paixão. Não existem poções mágicas que te coloquem no topo sem esses ingredientes e só com isso é que serás capaz. Mas depois de atingires o topo, a parte mais difícil é manteres-te lá. Sou apaixonado pelo que faço e, sem dúvida, sou um privilegiado por todos os dias acordar e viver do que me faz realmente feliz.
Em Portugal já passaste por clubes de renome, como o FC Porto, o Benfica, o Vitória e já representaste a seleção nacional. Isso deu-te alguma responsabilidade acrescida enquanto profissional?
Eu sou muito feliz a jogar e divirto me muito a fazê-lo. Quem me vê e me acompanha sabe disso, faço-o de sorriso no rosto desde criança. A pressão que o basquetebol me dá é uma pressão positiva e construtiva. Todos os dias tenho o desejo de ser melhor, de me motivar, de fazer as coisas bem, estar sempre à altura do acontecimento e dar sempre a melhor versão de mim mesmo.
Portugal, França, Alemanha e agora Espanha. Estavas à espera de que o basquetebol te proporcionasse tantas conquistas?
Tem sido uma viagem e experiência fantásticas. As pessoas que tenho conhecido, as línguas que tenho aprendido, as experiências que tenho tido, tudo me deixa extremamente feliz e realizado. Um dos meus objetivos é continuar a conhecer e a aprender mais. O mundo é, sem dúvida, um lugar magnífico, grande e diversificado, com tantas culturas diferentes. Todos os países por onde tenho passado têm-me dado tanto e transmitindo histórias e mensagens importantes. A minha viagem é muito mais que basquetebol, é muito mais que ser um jogador. É uma viagem enquanto ser humano, cidadão do mundo, que adora aprender e conhecer.
Depois de muitos anos a viver no estrangeiro, como lidaste com o facto de estares distante de Portugal e, sobretudo, longe da família?
Hoje em dia é muito fácil sentires-te perto de casa, apesar de não ser a mesma coisa, as redes sociais são uma grande ajuda, como o Facetime e o Whatsapp, onde falo com a minha família todos os dias. É algo que já lidamos bem, porque já se tornou um hábito e estamos juntos sempre que podemos. Tenho uma família fantástica que me apoia em tudo e são um ingrediente fundamental no meu sucesso e no meu percurso.
Neste momento, sentes que aos poucos foste concretizando o teu sonho ou ainda tens mais objetivos em vista?
Aos poucos vou concretizando uns sonhos e ao longo do meu percurso vão aparecendo outros. É natural, estou sempre a sonhar e ambiciono sempre mais. Acho que no dia em que se deixa de sonhar, deixa-se de viver, de acreditar.
Uma vez que ainda és um atleta tão jovem, como imaginas a tua vida daqui a dez anos? Quais são os teus anseios perante o futuro?
Não sou pessoa de projetar o meu futuro. Vivo o momento presente e dedico-me a ele. É tudo o que tenho neste momento. Por isso, quero disfrutar ao máximo do que alcancei e continuo a alcançar. Só o tempo dirá onde estarei daqui a dez anos, mas, neste momento, só quero viver o presente.