Otimista e confiante, Afonso Lopes sempre agarrou com ânimo as oportunidades que surgiram ao longo da sua carreira. Desde muito cedo que a vida do ator português vai alternando entre papéis, personagens e histórias contadas no pequeno ecrã, num percurso surpreendentemente vasto – aos 24 anos, Afonso Lopes apresenta-nos uma carreira de quase duas décadas a trabalhar em televisão e também em teatro.
De Ganância – a icónica saga portuguesa que se estreou na SIC, em 2001 – a Terra Brava (2019), no mesmo canal, contam-se inúmeros projetos televisivos de prestígio, numa carreira que se cruza em alguns momentos com a própria evolução da televisão nacional. Prédio do Vasco (2004/5), Floribella (2008), Morangos com Açúcar (2011/12), Belmonte (2014), Mar Salgado (2014/15) e, mais recentemente, No Limiar do Pensamento (2019) são títulos que nos reavivam a memória.
O ator português que interpretou, em Terra Brava, o papel de um jovem ativista ambiental, fala-nos dos highlights do seu percurso até aqui, dos seus hábitos saudáveis, do gosto por manter uma vida mais ativa, a sua paixão pelo surf – uma modalidade muito praticada na sua família – e ainda nos dá a conhecer o seu mais recente projeto: Inner Circle by Afonso Lopes.
Numa perspetiva de balanço do que já conquistou e do tanto que ainda pretende fazer, Afonso Lopes é curto nas palavras: “Ainda tenho muito para aprender e não tenho medo de arriscar”.
Gostávamos de começar esta entrevista por pedir ao Afonso uma breve apresentação. Quais são os seus hobbies, sonhos, anseios, vontades, atributos ou defeitos? Se tivesse de se descrever, como seria?
Adoro surfar, pintar e viajar. O meu maior sonho é ter a oportunidade de poder fazer um filme numa grande produtora nos Estados Unidos. Anseio ser bem-sucedido e ter uma família saudável. Penso que os meus maiores atributos são a persistência e otimismo, sendo os maiores defeitos a impaciência e a teimosia. Sou uma pessoa que vê sempre o lado bom de todas as situações e tento sempre dar o melhor em tudo aquilo que faço. Gosto muito de fazer os meus amigos e família felizes.
O Afonso tem uma carreira consideravelmente atípica, no sentido de aos 24 anos de idade contar com quase duas décadas a trabalhar em representação, tendo já passado pela televisão, pelo teatro e pelo cinema. Certamente, muita coisa mudou ao longo do tempo, mas que balanço faz destes 20 anos?
Ao longo destas duas décadas, tive fases muito boas e outras menos boas, mas no final do dia tudo compensa, porque tenho o privilégio de fazer o que mais gosto. Estes 20 anos a trabalhar ao lado de pessoas com mais experiência e com outras vivências, fizeram-me crescer a nível pessoal e profissional. Todos os dias aprendo e tento ser melhor.
Se olharmos para o percurso do Afonso, percebemos que integrou alguns dos projetos televisivos com maior reconhecimento. Do Prédio do Vasco (2006) a No Limiar do Pensamento (2019), passando por Floribella (2008), Morangos com Açúcar (2011/12) ou Mar Salgado (2014/15), não traçamos apenas o percurso do Afonso, mas também o da televisão portuguesa. Concorda? O que é que sente quando pensa que já entrou em diversos programas que marcaram a nossa televisão?
Tive o privilégio de acompanhar a evolução da televisão portuguesa ao longo de 20 anos e, por isso, sinto-me um sortudo. É um enorme orgulho fazer parte de todos estes projetos. Conheci pessoas incríveis, desde os elencos, à produção, às equipas de backstage, que tanto se esforçaram por desenvolver a ficção nacional e torná-la no que é hoje. Temos produções e conteúdos cada vez melhores, a ganhar prémios internacionais e a espalhar o talento que há em Portugal pelo mundo.
Uma das participações mais recentes em televisão aconteceu em Terra Brava. Nesta novela, o Afonso interpretou um ativista ambiental. Como é que foi a experiência? Pode-nos contar um pouco sobre o projeto e a sua personagem?
A adaptação a uma personagem é sempre o processo mais desafiante para um ator, as pesquisas e o encaixe de ideias são muito importantes. Tive a sorte de, hoje em dia, ser um tema muito recorrente, já com várias séries e artigos interessantes, que me deram uma ajuda valiosa. Eu próprio ainda tentei ser vegan por dois meses, não consegui totalmente, mas sou muito mais consciente nas minhas escolhas. A minha personagem, o David, é um ativista ambiental que não olha a meios para atingir os fins. Para fazer justiça o David atinge um nível extremo, porque acredita profundamente que se as coisas não forem feitas de uma forma mais abrupta, nada vai mudar e as pessoas não vão abrir os olhos para o que está a acontecer com o planeta. Fui pesquisando sobre ativistas ambientais e o que fazem, para perceber o que vai na cabeça do David. Foi muito desafiante, mas trabalhei com pessoas espetaculares, que me ajudavam todos os dias.
Considera que, de certa forma, esta personagem (em Terra Brava) encarou um papel social muito importante, na intenção de alertar o público para um problema emergente? Para o Afonso, estes alertas são também necessários?
Claro que sim. É muito importante falarmos de problemas atuais nas produções. A ficção das novelas é inspirada na realidade e o que está a acontecer no meio ambiente não poderia ser mais real. Quanto mais alertarmos o mundo, neste caso Portugal, para estes problemas, maior a probabilidade de arranjarmos soluções e mudarmos os nossos estilos de vida. Estes projetos são consumidos por tantas pessoas, porque não aproveitar para passar alertas? Já se faz com tantos outros temas e o planeta é um tema transversal. Todos vivemos nele, por isso todos devemos cuidar dele.
Gostávamos de conhecer um pouco dos seus hábitos. A prática desportiva é um hábito regular? Como é que são os treinos?
Gosto de fazer desporto todos os dias e faz-me bem, física e mentalmente. Quando pratico desporto desligo de tudo, é um tempo que é só para mim. É o meu período de descontração e de concentração, libertar o stress e viver apenas o momento. Onde sinto mais é no surf, que tem um papel muito importante na minha vida. Também gosto muito de treinar no ginásio, com o personal trainer Gui Oliveira, que já me acompanha há muito tempo e sabe bem as minhas necessidades.
Se falarmos em modalidades que pratica (ou já praticou) poderíamos enumerar várias. Comecemos pelo surf. Percebemos que é uma modalidade que lhe traz um enorme prazer. Certo? O que é que tem de tão especial esta modalidade e de que forma procura incluir a prática na sua rotina?
Certo, nasci numa família de surfistas em que o surf é como se fosse uma tradição, não só é um desporto, mas também uma forma de viver. O surf é tão especial, porque para além de ser um desporto em que te divertes e puxas por ti até ao limite, também é um ponto de refúgio e é quase como se fosse um relaxante mental. Aconselho a todos os que nunca praticaram a experimentar.
Que outras modalidades (ou treinos específicos) não dispensa?
Gosto de praticar desportos ao livre com amigos, porque acho que é uma forma saudável de conviver, juntando o útil ao agradável. Desde ténis, a futebol, confesso que gosto de tudo um pouco. Mas, sem dúvida, que os desportos aquáticos são os mais especiais para mim.
Fale-nos agora um pouco do projeto Inner Circle by Afonso Lopes. Qual é o objetivo ou o que é que procura dar a conhecer?
A minha ideia inicial era mostrar o meu dia a dia, desde o trabalho, gravações, eventos, reuniões e momentos de lazer, com a família e amigos. Contudo, perante a situação atual, decidi adaptar o projeto à realidade atual e dar-lhe um carácter mais social e solidário. O objetivo é ajudar e tranquilizar as pessoas para esta nova normalidade. É importante começar a dinamizar a nossa economia, com as devidas regras de higiene, obviamente. Por isso, decidi integrar projetos e núcleos das áreas mais afetadas e propor desafios ou programas divertidos e, ao mesmo tempo, responsáveis. Quero dar-me a conhecer e tentar encaminhar as pessoas para um estilo de vida mais saudável.
Para terminar, de que forma encara esta fase atual de carreira e também a nível pessoal? O que é que ainda falta conquistar ou o que é que gostava de fazer? A internacionalização poderá ser uma hipótese?
Neste momento estou contente de estar onde estou, chegar até aqui já é uma conquista, tanto a nível pessoal como profissional. Ainda tenho muito para aprender e não tenho medo de arriscar. Claro que tenho ambições de chegar mais longe, Portugal é o ponto de partida, por isso ainda tenho muito trabalho pela frente. Brasil e Estados Unidos serão uma hipótese, mas para já quero continuar a construir o meu currículo cá.
Maria Inês Neto
Editora
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