A Organização Mundial de Saúde recomenda um consumo diário de cinco porções de frutas e hortícolas, diariamente. É logo na primeira infância que devemos incutir nas crianças o gosto pelo consumo deste tipo de alimentos, fornecedores de fibra, vitaminas e minerais, imprescindíveis para o seu crescimento e desenvolvimento.
No entanto, temos assistido nos últimos anos a várias mudanças no que diz respeito aos hábitos alimentares dos mais pequenos. Alguns estudos recentes indicam, por exemplo, que as crianças de apenas quatro anos de idade já consomem em média uma a três vezes por semana alimentos do tipo fast food (pizzas, cachorros e batatas fritas, por exemplo), sendo que 52% já consomem refrigerantes diariamente nas refeições principais e 65% comem igualmente doces e bolos todos os dias! Ora, o consumo deste tipo de alimentos acaba, quase sempre, por desencorajar o gosto por hortícolas e frutas, acabando as opções mais açucaradas e ricas em gorduras e sal, por serem mais apelativas ao paladar.
Além de estarmos a condicionar o paladar das nossas crianças, não será difícil concluir que, perante estes hábitos alimentares, absolutamente desajustados, aumenta também a probabilidade de as crianças desenvolverem excesso de peso ou obesidade, uma vez que este tipo de alimentos também costumam ser mais calóricos. Os últimos dados apontam também que aos oito anos 13% das crianças apresentem excesso de peso e 34% já tenham obesidade.
Perante este cenário, é urgente trabalhar a alimentação das crianças e instituir hábitos saudáveis. Para muitos pais, a maior dor de cabeça está mesmo no grupo dos hortícolas.
Como contornar a situação e fazer com que as crianças percam o medo de os experimentar? E quando não gostam devem experimentar de novo? Seguem-se algumas dicas para resolver este problema e poder colocar todos os dias legumes no prato dos seus filhos:
– Leve as crianças ao supermercado e explorem a zona dos hortícolas. Já reparou que a maioria das crianças conhece praticamente todas as marcas e variedades de bolachas e cereais açucarados? E será que sabem distinguir uns hortícolas dos outros? Experimente levar os seus filhos a visitar com mais pormenor esta zona e escolham em conjunto quais os que vão levar para casa e que confeções querem experimentar;
– Todos devem iniciar a refeição do almoço ou jantar com um prato de sopa de hortícolas e depois incluir também alguns alimentos deste grupo no prato principal. Não se esqueça que os pais são um modelo de referência para os seus filhos e, se não derem o exemplo, consumindo também hortícolas no prato, não pode esperar que as crianças tomem iniciativa de o fazer;
– Criem pratos divertidos, com cores e aproveite até para contar histórias infantis. Experimentem “desenhar” caras (Exemplo: um hambúrguer de frango com cenoura ralada a fazer de cabelo, couve-roxa a fazer de boca, azeitonas a fazer o efeito dos olhos e uns feijões a fazer de nariz). Os miúdos vão adorar e quando der por si estará a fazer com que passem a ter uma relação mais harmoniosa com este tipo de alimentos;
– Experimente incluir legumes em receitas que os mais pequenos associam geralmente aos doces (exemplos: bolos, panquecas ou queques). Assim, poderá demonstrar-lhes que comer produtos hortícolas não tem de ser algo monótono, apenas com legumes cozidos como acompanhamento, mas sim uma enorme lista de receitas variadas, criativas e saborosas;
– Além do processo criativo no próprio prato, envolva as crianças na preparação e confeção dos alimentos. Ajudar a ralar a cenoura, por exemplo, pode ser uma ideia para as crianças se sentirem mais úteis nestas funções e mais dispostas a experimentar estes alimentos;
– Realcem os benefícios dos alimentos e associem aos super-heróis favoritos dos seus filhos. Quem não se lembra do Popeye e dos benefícios dos espinafres, que o deixavam forte, confiante e disposto a superar qualquer desafio? Pode mesmo até dar nomes aos pratos e associar também o poder dos vegetais aos seus ídolos (Por exemplo: “Arroz de legumes à Cristiano Ronaldo”);
– Perante a recusa, deve ser persistente o suficiente para que a criança, pelo menos, prove o alimento. Se não gostar, não tem de o comer todo, mas poderá oferecê-lo de novo passado alguns dias. Saiba que o paladar é algo que se vai educando e os estudos têm demonstrado que é necessário provar várias vezes o mesmo alimento (cerca de onde vezes) para se ter sucesso com a aceitação do mesmo.
Artigo escrito por Dra. Juliana Guimarães, nutricionista na clínica ADCA e no blog Onde é que tínhamos a cabeça?.
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