Tudo na natureza tem um propósito e a alimentação não é exceção! De facto, a sazonalidade dos produtos alimentares está totalmente relacionada com as nossas necessidades nutricionais, que vão variando ao longo do ano. Por exemplo, costumamos associar a vitamina C a uma maior proteção do nosso sistema imunitário, ajudando-nos a prevenir a ocorrência de gripes e constipações. E é precisamente no outono/inverno que a natureza nos disponibiliza mais alimentos ricos neste nutriente.
Vamos então (re)descobrir alguns alimentos desta época e o que nos podem fornecer?
Romã:
É rica em vários compostos fenólicos, que conseguem dar ao nosso organismo uma grande capacidade antioxidante (superior ao vinho tinto e chá verde, por exemplo). Isto significa que tem um importante papel protetor na nossa saúde cardiovascular e alguns tipos de cancro. Apresenta um baixo valor energético (cerca de 50Kcal por 100g) e é rica em fibra, vitamina C, potássio e ferro.
Curiosidade: A romã tem uma simbologia associada ao amor e, atualmente, ainda existe uma tradição grega de cortar uma romã durante os casamentos, como sinónimo de fertilidade.
Dióspiro:
Este fruto, que apresenta uma pele bastante fina, tem no seu interior uma polpa gelatinosa, constituída por fibras (mucilagens e pectinas), com um importante papel na regulação intestinal, promoção da saciedade e regulação dos níveis de colesterol e glicemia (açúcar no sangue). É rico em vitamina A e potássio e apresenta também elevada capacidade antioxidante.
Castanha:
Poderíamos quase chamar-lhe um “superalimento de outono” pela enorme riqueza nutricional que nos oferece, nomeadamente vitamina C, mas sem esquecer também quantidades apreciáveis de cálcio, ferro, magnésio, potássio, fósforo, zinco, cobre e selénio. A castanha é um fruto especial que não pode faltar nas nossas mesas no dia de S. Martinho e tem todos os motivos para as incluir. Um deles é a grande oferta de fibras (amiloses e amolipectinas) que ajudam no desenvolvimento da flora intestinal, estimulando a produção de bactérias protetoras do intestino, responsáveis pela redução dos níveis de inflamação e até pela prevenção do cancro intestinal. Quanto ao valor energético, 10 castanhas apresentam cerca de 179 Kcal.
Abóbora:
É um hortícola bastante interessante e versátil na cozinha portuguesa, podendo ser utilizada em entradas, sopas, purés ou sobremesas. Tem um valor energético bastante baixo (apenas 9 Kcal por cada 100g) e poderá ser um ótimo substituto da batata quando queremos reduzir a quantidade de hidratos de carbono das refeições. Apresenta uma boa quantidade de carotenoides na sua polpa (responsáveis pela coloração alaranjada), que são convertidos em vitamina A no organismo. Também nos oferece potássio, ferro, cálcio, magnésio e vitaminas B e C.
Receita de Doce de Abóbora e Nozes:
Ingredientes:
- 1 Kg de abóbora descascada e sem pevides
- 1 pau de canela
- 1 colher de chá de canela em pó
- 1 laranja
- Raspas de uma laranja
- 100g de miolo de noz
- 2 colheres de chá de açúcar mascavado
Preparação:
Cortar a abóbora em cubos e colocar num tacho com o pau de canela e as raspas da laranja. Espremer o sumo da laranja e espalhar sobre os pedaços da abóbora. Polvilhar também com o açúcar mascavado e a canela em pó. Deixar repousar no tacho tapado, durante cerca de uma hora, sem ligar o lume.
Colocar depois todos os todos os ingredientes em lume brando, cerca de 20 minutos, mexendo de vez em quando. Quando a abóbora estiver bem cozida, passar a varinha mágica, reduzindo a mistura a um puré. Adicionar as nozes, envolvendo tudo e levar de novo ao lume por mais 5 minutos. Está pronto a servir!
Artigo escrito por Dra. Juliana Guimarães, nutricionista na clínica ADCA e no blog Onde é que tínhamos a cabeça?.
previous post
Inês Abrantes: "Através do exercício físico posso dizer que conheço cada detalhe do meu corpo"
next post