The Love Food é uma porta aberta para um novo mundo, saudável e consciente, onde reina um cuidado máximo com a alimentação e o consumo sustentável. Falamos com Maria de Oliveira Dias, fundadora do projeto, para conhecer a história por detrás da criação do The Love Food e conhecer as bases necessárias para adotar hábitos alimentares (e de vida) mais saudáveis.
Uma mudança de hábitos alimentares e uma descoberta apaixonante de uma panóplia de opções mais saudáveis e conscientes, levaram a partilhar a sua experiência pessoal, a saber mais sobre alimentação, sobre veganismo e sobre nutrição, para que pudesse ser uma fonte de informação fidedigna e capaz. Conheça o The Love Food de Maria de Oliveira Dias.
Nós estamos culturalmente pré-programados para achar que devemos comer o que comemos. Mas é só mudar um “botão” cultural para se entrar num mundo novo, infinitamente mais saudável, fresco, natural e delicioso!
Quando é que esta viagem pelo mundo da alimentação vegetariana começa? O que a despertou para mudar de hábitos alimentares?
Não me lembro exatamente quando começou, mas sempre achei, desde pequena, que não havia qualquer necessidade de “comer animais”. Fazia-me imensa confusão, não conseguia dissociar o animal da comida que tinha no prato. Só que não sabia que existiam vegetarianos, não havia praticamente informação, nem livros, nem conhecia ninguém vegetariano. Quando percebi que era possível não comer animais tornei-me imediatamente vegetariana, tinha 12 anos. Continuo com a mesma opinião desde então, de que não há qualquer necessidade de comer animais e ser vegano só traz vantagens pessoais e para o mundo.
Foi uma decisão difícil na altura?
De todo, foi um alívio! Por alguma razão estranha imperam ainda os mitos de que ser vegetariano é difícil, a transição alimentar é complicada, que é caro, que é difícil de cozinhar, que é pouco saudável, enfim, uma panóplia de ideias confusas e mal estruturadas. Contudo não passam de mitos. É muito simples e absolutamente delicioso.
Como é que se adapta o organismo a esta mudança? Que considerações são importantes ter em conta para quem procura o mesmo?
Quando começamos a ter hábitos alimentares mais saudáveis o corpo sente quase imediatamente. A digestão é mais fácil, ganhamos energia, a pele fica mais brilhante e o cabelo e as unhas mais fortes, o sistema imunitário reforça-se e, por isso, o organismo adapta-se muito bem, não sendo preciso ter qualquer período de transição. Claro que varia de pessoa para pessoa, mas não tenho visto qualquer necessidade desde que se tenha uma alimentação saudável e equilibrada.
As considerações importantes são: encher o prato de legumes, se possível da estação e de produção sustentável sem químicos, assim como comer leguminosas diariamente, cereais integrais, fruta da estação, e comer frequentemente oleaginosas, sementes e algas. Tudo o que a terra e o mar nos dá de forma justa, ética e sustentável. Uma refeição vegana é rápida e fácil de fazer, basta ter alguma inspiração e criatividade e, para isso, há imensos blogs e livros muito bons.
O The Love Food nasce, em 2010, também com esse mesmo propósito de ajudar outras pessoas a adotarem uma alimentação mais saudável? O que a motivou para criar o projeto?
O objetivo foi mesmo esse, mostrar como é fácil ter refeições veganas equilibradas, saudáveis e deliciosas e inspirar as pessoas a experimentarem e sentirem as vantagens. Quando criei o blog tinha-me tornado vegana depois de mais de 16 anos a ser vegetariana. Senti uma diferença incrível, comecei a comer de uma forma muito mais equilibrada e cortei completamente com as convenções e os mitos que durante esse tempo moldaram a maioria dos meus pratos. Foi uma revolução para mim e quis partilhá-la. Depois acabei por mudar toda a minha vida para me dedicar ao The Love Food.
Depois do digital, o The Love Food tornou-se numa empresa de fabrico artesanal de comida saudável. Estava à espera que o projeto crescesse tanto, em tão pouco tempo?
O sucesso do blog na altura foi tão grande que senti necessidade de saber mais sobre alimentação, sobre veganismo e sobre nutrição, para que pudesse ser uma fonte de informação fidedigna e capaz. Estive a estudar, fiz o curso de Health Coach, o de Plantbased Chef, estagiei na cozinha de restaurantes veganos e, durante esse tempo, senti necessidade de ter produtos alimentares certificados como veganos e saudáveis em qualquer mercearia ou mesmo diretamente em casa. Comecei a criar o plano de ter um ponto de fabrico de comida e pastelaria veganas, que começou a trabalhar em 2014 e que durou até 2018. Durante este tempo fabricamos e revendemos produtos alimentares veganos para todo o país e ilhas. Foi uma bela viagem.
Atualmente dinamiza programas de consultoria gastronómica. É importante para si esta passagem de conhecimentos, no que toca à cozinha vegana?
Agora faço exatamente o que adoro fazer, que é criar receitas e dar formação. A consultoria gastronómica é um serviço para os restaurantes que queiram introduzir pratos veganos e vegetarianos nos seus menus, ou para qualquer empresa do Canal Horeca que queira introduzir um menu saudável ou criar de raiz um menu que tenha estas premissas como base.
Depois dou formação em diferentes cursos de cozinha vegetariana e vegana e tenho, ainda, um plano de cursos para empresas e particulares.
Como é que funcionam estes cursos?
São para qualquer pessoa, família ou empresa que queiram aprender a comer de forma mais saudável. É uma formação que vai de um a vários módulos, de acordo com as necessidades de cada cliente. Têm formação teórica e prática e com a mão na massa, o que é muito importante, sempre com receitas fáceis, simples, rápidas e deliciosas.
Considera que hoje em dia as pessoas estão bem informadas quanto a hábitos alimentares com base no vegetarianismo?
Considero que existe toda a informação necessária disponível quando procurada nos sítios certos. Tentei reunir nos meus livros toda a informação de base necessária. Contudo a mudança é algo que oferece sempre resistência por parte das pessoas, mesmo com toda a informação do mundo muitas não querem mudar porque acham que implica abdicar de prazeres que elas prezam, como o da gula, o que é um mito. A alimentação vegana implica incluir muitos mais ingredientes do que excluir. Nós estamos culturalmente pré-programados para achar que devemos comer o que comemos. Mas é só mudar um “botão” cultural para se entrar num mundo novo, infinitamente mais saudável, fresco, natural e delicioso!
Dada a oferta de produtos alimentares que existe, é fácil qualquer pessoa adotar esses hábitos?
Não é necessário qualquer produto alimentar especial. Basta basear a alimentação em cereais integrais (arroz integral, quinoa, millet, massa integral, etc.), acrescentar muitos legumes, leguminosas e inserir oleaginosas, sementes e algas. Aconselho a que se eliminem todos os produtos processados e produtos com ingredientes desconhecidos, assim como a maior parte dos produtos prontos empacotados, como por exemplo, pão do supermercado, bolachas, cereais de pequeno-almoço, entre outros. Para além de não serem saudáveis, produz-se muito menos lixo, o que é essencial. Há quem faça a transição com produtos de “substituição”, tirando a carne e optando por imitações veganas e vegetarianas. É um caminho possível e, na minha opinião, melhor do que não fazer nada.
Um dos seus livros destina-se à alimentação para os mais novos. Depois de ter sido mãe, era importante implementar hábitos alimentares saudáveis desde cedo?
É fundamental implementar uma alimentação saudável logo desde a gravidez. Depois, para os bebés e crianças é absolutamente necessário que tenham, desde que comecem a comer, uma alimentação saudável, variada, colorida, fresca, fora de pacotes e boiões e sem açúcares refinados. O meu livro dá imensas alternativas fáceis, rápidas e deliciosas para todas as idades.
Conheça o blog The Love Food aqui. Descubra várias receitas saudáveis e práticas.
Maria Inês Neto
Editora
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