A vitamina D está na moda e ainda bem.
O vasto boom de informação que nos chega parece-me imprescindível para sensibilizar sobre a importância desta vitamina, mas reparo que a maioria das pessoas fica com imensas dúvidas ao ponto de se desinteressarem pelo tema. Julgo que o efeito boom tem estes dois lados: o bom, em que existe sensibilização e onde se levantam questões; e o mau, onde se geram teorias da conspiração, insensibilidade pelo efeito saturação e consequente desvalorização.
Não desvalorizem. Entre muitas outras funções, sabemos hoje que a vitamina D atua a nível do sistema imunitário, prevenindo o desenvolvimento de imensas patologias (cancros, diabetes, osteoporose, esclerose, enfarte, etc.)
Respondendo à questão: depende de vários fatores.
Um deles é a localização. Se vivêssemos junto ao Equador podíamos sintetizar vitamina D todo o ano, mas em Portugal não. A partir do momento em que ultrapassamos a barreira dos 38 graus de latitude começamos a não conseguir produzir vitamina D durante um ou mais meses por ano, nomeadamente de novembro a fevereiro.
Isto ocorre porque durante o inverno o ângulo do sol referente à terra é muito oblíquo. O sol está muito baixo e a radiação UVB não vem na frequência correta e não atinge a nossa epiderme (ao contrário da UVA que continuam a atingir no inverno, ou seja, há danos provocados pelo sol mas não há benefícios, nomeadamente a síntese de vitamina D).
Ao fator localização juntamos a hora, duração da exposição solar e tipo de pele.
Vejamos na tabela ao lado quantos minutos precisamos (em média) para atingirmos a dose diária recomendada de vitamina D, dependendo da hora, tipo de pele e mês de exposição.
Não podemos esquecer ainda que o uso de protetor solar vai inibir em parte a produção de vitamina D. Um protetor solar de 15FPS diminui a síntese de vitamina D em 99%. Isto não quer dizer que não devamos usar protetor solar (mineral). A exposição solar deve, isso sim, ser feita gradualmente, principalmente para os fotótipos mais claros (I, II, III), para que haja adaptação.
Também a medicação pode interferir na síntese de vitamina D, nomeadamente as estatinas, desmesuradamente prescritas para baixar os níveis de colesterol. Isto porque quando a radiação UVB incide na epiderme existe uma molécula de colesterol que sofre alteração desta radiação e que se irá converter em vitamina D3. Se for este o caso, vamos ter logo à partida uma incorreta (ou nula) produção desta vitamina, uma vez que não existe colesterol suficiente disponível para realizar as suas, tão importantes, funções.
Face à dificuldade em reunir os fatores ideais, a suplementação torna-se muitas vezes imprescindível, mas, antes de qualquer passo, importa considerar a análise ao sangue – 25OHD – que nos vai dizer exatamente a dose a prescrever individualmente em caso de deficiência.
Não aceitem tomar aquelas doses muito altas de vitamina D duas vezes por ano ou coisa que o valha… isso mostra um profundo desconhecimento da bioquímica da vitamina e só vai provocar flutuações e alterações enzimáticas que podem levar a consequências piores que a falta de vitamina D. Aconselhem-se com um profissional de saúde que perceba do assunto.
Isabel Sampaio
Médica - Naturopata | MeWe - Human Performance
Médica - Naturopata | MeWe - Human Performance